No dia 2 de fevereiro, técnicos e professores universitários chineses participarão de um encontro no Rio Grande do Norte para avaliar que adaptações são necessárias para o uso de máquinas do país asiático em solo brasileiro.
O encontro inicia uma nova fase da parceria entre o governo brasileiro, o chinês, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o próprio estado potiguar. Selado ainda em 2022, o acordo visa conceder maquinário e tecnologia do país asiático para a agricultura familiar do Brasil.
"Esse é o encontro que inaugurará um programa de validação de máquinas para agricultores familiares. As máquinas não vão ser postas na prática ainda, elas vêm para receber a validade no Brasil, se funcionam na nossa região, no nosso clima, geografia. É uma máquina desenvolvida para a China e que precisa ser adaptada no Brasil", disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, ao programa Bem Viver desta quarta-feira (24).
Segundo o Teixeira, "a previsão é que comecem a ser produzidas ainda em 2024". O projeto conta com financiamento do programa Mais Alimentos, retomado pelo governo federal em junho do ano passado.
Um dos objetivos da iniciativa é acelerar o processo de mecanização da agricultura familiar. O programa prevê concessão de linhas de crédito diferenciadas e assistência técnica com foco em práticas de produção sustentável e uso adequado de máquinas e implementos.
Desde o final do ano passado, algumas unidades de equipamento chinês chegam ao Nordeste. No município potiguar de Apodi, foi instalada a Unidade Demonstrativa Brasil-China de Máquinas Agrícolas, que servirá para testar e estudar o uso do maquinário em solo nordestino.
Em 2022, o Consórcio Nordeste assinou um memorando de entendimento com o Instituto Internacional de Inovação de Equipamentos Agrícolas e Agricultura Inteligente, da Universidade Agrícola da China, e a Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas desse país. Também firmado pela Associação Internacional para a Cooperação Popular (conhecida como Baobá), o acordo visa garantir o acesso a máquinas projetadas especificamente para o campesinato, como micro-tratores, roçadeiras, semeadeiras e plantadeiras.
MST
Paulo Teixeira minimizou as críticas feitas pelo MST à falta de celeridade do governo federal na retomada da reforma agrária durante o primeiro ano de gestão. "O papel do MST é cobrar acho. O Brasil tem uma dívida sobre o tema da reforma agrária muito grande."
"O ano de 2023 foi um ano de muita luta, de muita batalha, porque foi o ano da reconstrução de um ministério que tinha sido distinto", continua Teixeira em referência ao MDA, que foi extinto pela gestão Bolsonaro.
Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), foram assentadas 5.711 famílias em 2023. O número representa 2,8% das 200 mil famílias que o MST pleiteia que o governo assente até o final do mandato.
Somente para 2024, o MST defende o assentamento de 65 mil famílias. "É um número alto. (...) em que governo aconteceu esse volume de assentamentos? Elas têm que ser assentadas ao longo de um ou mais governos", comentou.
Para atingir a meta do MST, o ministro afirma ser necessário o investimento de R$2,8 bilhões anuais na reforma agrária. No entanto, o orçamento previsto pelo governo Lula para a área em 2024 é de R$567 milhões.
Teixeira defende: "nosso governo não gostaria de entregar esse orçamento para reforma agrária. Gostaria de entregar um orçamento muito maior. Agora, ele é um orçamento maior do que os anos passados."